Com a nova pegada Macumba Pop, Zingo chegou ao mercado em 2021 com o EP “Som do Tambor”. O artista paulista trouxe um álbum 100% autoral que contou com a ajuda de um mestre da produção musical, o produtor e músico Luiz Bueno.
Para explicar melhor como o álbum foi concebido em tempos tão difíceis, convidamos Luiz Bueno para uma entrevista. O músico falou sobre as dificuldades impostas pela pandemia e a sintonia que teve com Zingo para o desenvolvimento do projeto. Confira a entrevista abaixo:
Como foi feita a seleção de instrumentistas?
A gente começa pelos arranjos, eu preciso entender como que a música pode soar da melhor maneira para que ela chegue no objetivo do artista. O Zingo me pediu para o trabalho fosse pautado por músicas que pudessem estar nas pistas. Conforme fui compondo os arranjos, eu já visualizei os instrumentistas que chamaria para dar vida as músicas.
Como a produção do EP Som do Tambor se desenvolveu? Como se deu a ideia de misturar elementos eletrônicos com tambores africanos?
Começamos a produzir o EP durante a pandemia, em um momento em que não podíamos nos encontrar pessoalmente e ainda não nos conhecíamos. Primeiro, eu busquei achar a tonalidade correta para as músicas rendessem o máximo em questão de arranjo e interpretação, tentei extrair o máximo do Zingo.
O Zingo tem uma particularidade, ele recebe as músicas de uma forma muito mediúnica e eu achei isto muito interessante. Me causou uma grande empolgação por trabalhar de uma forma diferente. A medida com que ele recebia as músicas, eu fui entendendo melhor o caminho que ele queria seguir. Eu acho que os elementos da música eletrônica conversam com às pistas e como o nome do álbum é Som do Tambor e vem com forte influência espiritual, eu fui entender um pouco melhor desse caminho, participei por duas vezes de um ritual de candomblé, entendi a força do “Som do Tambor”. Assim consegui construir essa forma híbrida de juntar elementos da música eletrônica com o som dos rituais.
Quais foram as suas inspirações para guiar a produção musical do Som do Zingo?
A inspiração para mim é o dia a dia. Eu aprendo a praticar a criatividade diariamente. Essa é a parte mais interessante de todo o processo, entender o que está dentro da cabeça do artista e que, de certa forma, ele não consegue mostrar. Isto é um campo aberto para que eu possa praticar a minha parte criativa, então o que me guiou foi algo muito mais interessante, tiver de esvaziar os meus conceitos porque ele me trazia uma nova forma. Eu achei o processo fantástico e me deixei guiar pela minha intuição. O que mais me surpreendeu é que quando faltava menos de uma semana para gente entrar em estúdio, eu mostrei alguns dos arranjos, ele me disse que sentia que estava faltando daquela coisa da pista, assim fomos alinhavando as expectativas.
Eu senti que podia chamar o Dj Manoel Vanni, um profissional consagrado na Europa para participar do projeto. Ele veio para São Paulo e em poucas horas, desempenhou um papel fundamental para que as músicas acontecessem dessa forma e estou muito feliz com o resultado. É um resultado sonoramente inovador e que criou um ambiente perfeito para a voz do Zingo. Sinto que ele cresceu muito do momento em que ele me mostrou as músicas até o momento em que o disco ficou pronto.
Como foi trabalhar com um artista que ainda não está no auge da carreira? Quais suas perspectivas para esse lançamento?

Eu torço muito para que o Zingo realize o seu projeto como artista, que as músicas conquistem seu espaço. Eu tenho certeza de que ele vai se dar bem, vai ser muito bem recebido no mercado da música. Eu ainda quero tocar com ele porque eu gosto do palco. Espero que o Zingo vá para o palco e me chame para tocar essas guitarras que eu fiz e só eu consigo fazer (risos). Estou muito feliz com todo esse processo e espero que o Zingo venha com mais músicas para que eu possa produzir e lançar um novo álbum em 2022. Espero que ele seja muito feliz, mais do que o sucesso e o reconhecimento do público, é que ele se sinta feliz por este trabalho artístico de alta qualidade.
O que mais me surpreendeu é que quando faltava menos de uma semana para gente entrar em estúdio, eu mostrei alguns dos arranjos, ele me disse que sentia que estava faltando daquela coisa da pista, assim fomos alinhavando as expectativas. Luiz Bueno, Produtor do EP Som do Tambor